Uma em cada cinco crianças em Portugal vive em risco de pobreza. Este dado, revelado por entidades nacionais e europeias, deveria ser suficiente para mobilizar toda a sociedade. Mas a verdade é que, ano após ano, a pobreza infantil permanece como um problema estrutural, com impacto direto no presente e no futuro das famílias portuguesas.
Não estamos a falar apenas de rendimentos baixos. Falamos de crianças que chegam à escola sem pequeno-almoço, que vivem em casas sem condições mínimas, que não têm acesso a materiais escolares, roupa adequada ou cuidados de saúde. A pobreza infantil compromete o desenvolvimento físico, emocional e cognitivo de milhares de crianças – e perpetua o ciclo da exclusão social.
A origem do problema é multifatorial: baixos salários dos pais, precariedade laboral, monoparentalidade, habitação sobrelotada, educação desigual, acesso limitado a serviços de proximidade. E, em muitos casos, ausência de uma rede familiar ou comunitária de apoio.

Combater a pobreza infantil é investir no futuro do país
A CNAF defende que combater a pobreza infantil exige uma abordagem integrada: aumento dos abonos e apoios sociais, refeições escolares gratuitas e nutricionalmente adequadas, acesso gratuito a creches, reforço dos transportes escolares, acesso à saúde mental e programas de capacitação familiar.
É também necessário olhar para a territorialidade: muitas das crianças mais pobres vivem em bairros periféricos, zonas rurais isoladas ou comunidades marginalizadas. A resposta não pode ser apenas financeira – tem de ser educativa, comunitária e transformadora.
Não basta indignar. É preciso agir.
Todos os dias, enquanto a pobreza infantil não for tratada como prioridade nacional, estamos a comprometer o futuro de milhares de cidadãos. E a permitir que o local de nascimento continue a definir as oportunidades de vida.
Na CNAF, acreditamos que a justiça social começa na infância. E que nenhuma criança deve crescer com menos direitos, menos acesso, menos dignidade. Porque não há país justo onde haja crianças pobres.


